Aos Reverendíssimos sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas e fiéis leigos
Caríssimos Diocesanos,
Dominus Tecum !
Neste início de Advento, desejamos um santo e feliz
ano litúrgico. Que este novo ano nos dê a ocasião de melhor descobrir os
tesouros do Evangelho e da fé católica, a fim de vivermos em Cristo de maneira
cada vez mais perfeita.
Façamos nosso o voto de S. Paulo: «Que o
Senhor vos dê, para vós próprios e na vossa relação com todos os homens, um
amor cada vez mais intenso e transbordante, como o que temos por cada um de
vós. “E que, assim, Ele vos estabeleça firmemente numa santidade sem mancha
diante de Deus nosso Pai.» (1 Tes 3, 12-13)
Toda a liturgia do Advento é um imenso apelo à
vinda do Salvador. Para se preparar para a grande chegada de Cristo, no
dia de Natal, a Igreja Católica quis fazer preceder esta grande festa de um
tempo destinado à oração e à penitência, simbolizado, entre outras coisas,
pelos paramentos roxos. Este espírito de penitência é hoje um pouco esquecido.
À fome espiritual de Deus corresponde a prática do jejum, que serve para melhor
nos prepararmos para a oração. Na verdade, o nosso corpo, ao experimentar a
sensação de fome, mostra-nos quanto a nossa alma deve aspirar a Jesus, nosso
alimento espiritual. Foi por isso que a Igreja Católica instituiu o jejum do
Advento para nos dispor a celebrar santamente a festa do Natal. O jejum deste
tempo litúrgico, unido à oração mais intensa, suporta a vigília, a espera do
Verbo encarnado.
Toda a oração e todo o esforço são proporcionais às
capacidades de cada um e são igualmente dignos aos olhos de Deus. Podemos
escolher, à nossa medida, outras penitências, um esforço de atenção aos outros,
particularmente aos que estão mais próximos de nós, que partilham a nossa vida
quotidiana.
O Papa
Francisco proclamou para toda a Igreja, um Ano Jubilar, o Ano Santo da
Misericórdia. Abrirá a Porta Santa, na Basílica São Pedro, em Roma, no dia 08
de dezembro, dia da Imaculada Conceição e celebração dos 50 anos do
encerramento do Concílio Vaticano II. Quer o Papa manter viva a memória e as
grandes intuições deste marcante acontecimento eclesial. O Ano Jubilar se
concluirá com a Solenidade de Cristo Rei, no dia 20 de novembro de 2016. Em
todas as dioceses do mundo, a abertura solene acontecerá no dia 13 de dezembro,
na catedral diocesana.
O Ano
Santo Jubilar tem suas raízes numa instituição do Antigo Testamento. É um ano
marcado pelo perdão e pela reconciliação, para renovar o sonho de Deus de um
mundo fraterno, sem exclusões e injustiças (cf. Lv 25,8-17). É marcado pelo
júbilo: “será um ano de júbilo” (Lv 25,11). A alegria do Ano Santo é “a alegria
do Evangelho”, no coração do qual encontramos Jesus Cristo, “o rosto da
misericórdia do Pai”. “Com sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa,
Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus.” (MV 1).
Por que
um Jubileu da Misericórdia? A misericórdia é a virtude que sintetiza o ser e o
agir de Deus e, consequentemente, do cristão. O nome de Deus é misericórdia, diz
o Papa. Por isso, “precisamos sempre contemplar o mistério da misericórdia. É
fonte de alegria, serenidade e paz. É condição de nossa salvação. Misericórdia:
é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato
último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia é a lei
fundamental que mora no coração de cada pessoa humana, quando vê com olhos
sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que
une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para
sempre, apesar da limitação do nosso pecado.” (MV 2).
Como
viver o Jubileu da Misericórdia? O lema do Jubileu já indica seu objetivo:
“Misericordiosos como o Pai” (Lc 6,36). Indico dois caminhos. Primeiramente
somos convidados a contemplar a misericórdia de Deus em nossas vidas e na
humanidade, manifestada em Jesus Cristo. Nos ajuda a acolhida da Palavra,
sobretudo dos Salmos e Parábolas da Misericórdia. Esta contemplação nos leva à
ação de graças a Deus e ao compromisso. Por isso, o segundo caminho é nos
educarmos para a misericórdia como o modo de viver do cristão. Como nos diz o
Papa, a Igreja deve ser “um oásis de misericórdia”. Esta se concretiza de
muitas maneiras: na vivência das obras de misericórdia no cotidiano da vida;
educar-se para o perdão e a acolhida como caminhos para a paz; aprofundar o
sentido do sacramento da reconciliação; debruçar-se e ir ao encontro, com o
coração, da miséria humana, como sugere a própria palavra “misericórdia”;
erradicar da vida pessoal e social a corrupção, que “é uma obra das trevas” (MV
19); peregrinar até uma “porta santa”, como sinal de nosso caminho espiritual e
obter as indulgências oferecidas pela Igreja. Oportunamente aprofundaremos
estas indicações.
Caríssimo diocesano desejo-vos que viva
intensamente este tempo de alegria e na esperança da vinda de Cristo, nosso
Salvador, rosto da misericórdia do Pai!
Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda
mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal
eficaz do agir do Pai.
Afirmou o Papa Francisco: “Foi por isso que
proclamei um Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tempo favorável para a
Igreja, a fim de se tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes” (
Misericordiae vultus, 3).
Convoco a todos os meus diocesanos, Sacerdotes, religiosas,
religiosos, seminaristas, os fiéis leigos, e de modo especial aos que fazem
parte dos movimentos, serviços e pastorais, venham vestidos com a camisa que
lhe identifique, para ser presença no dia 13 de dezembro às 9:00h, na catedral,
onde terei alegria de abrir a Porta Santa. Será então uma Porta da
Misericórdia, onde qualquer pessoa que entre poderá experimentar o amor de Deus
que consola, perdoa e dá esperança.
A misericórdia será sempre maior do que qualquer
pecado, e ninguém pode colocar limite ao amor de Deus que perdoa.
Neste Ano Jubilar, que a Igreja se faça eco da
Palavra de Deus que ressoa forte e convincente, como uma palavra e um gesto de
perdão, apoio, ajuda, amor. Que ela nunca se canse de oferecer misericórdia e
seja sempre paciente a confortar e perdoar, Que a Igreja se faça voz de cada
homem e mulher e repita com confiança e sem cessar: “Lembra-te, Senhor, do teu
amor, e da tua fidelidade desde sempre” ( SL 24,6).
Fraternalmente, em Cristo e Maria, Mãe e Serva da
Misericórdia,
Dom José Edson Santana Oliveira
Bispo diocesano de Eunápolis
Costa do descobrimento
Eunápolis, 1º de dezembro 2015
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